terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Análise pessoal - Codinome Beija-Flor

Eu escolhi começar o blog com uma das mais belas músicas do lindíssimo Agenor Neto, mais conhecido como Cazuza, pois sempre ouço amigos dizendo não entendê-la, principalmente em frases como "orelha fria", "segredos de liquidificador", ou seja... QUE PORRA É ESSA?

E se eu GARANTIR que tem sentido sim e que não é nada cult que te fará ter de estudar psicanálise pra entender? Quer ver só? Vem comigo!!!

Vale lembrar que não passa de uma interpretação pessoal, ok?

O tema central da música é relacionamento. Eu entendo que é um relacionamento que ainda não acabou, ou seja, está no caminho, naquela fase final, onde é difícil desapegar, pois ainda há amor de um dos lados, que no caso, é o lado de quem está cantando:

Pra que mentir
Fingir que perdoou?
Tentar ficar amigos sem rancor...
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou

No primeiro trecho fica evidente que o compositor não quer mais fingir que tudo ficará bem após o término. Talvez por experiências passadas, neste mesmo relacionamento, ele saiba que não funcionará tentar ser amigos, até porque nem sente mais aquela emoção da reconciliação, nem mesmo a música ou "trilha sonora" do casal soa da mesma forma. (Sabe quando pegamos raiva de certa música por causa de alguém? Então... é por aí.)

Bom, na próxima estrofe iremos entender o motivo pelo qual, entre tantos animais, escolheu-se o "beija-flor" para representar a pessoa a quem o cantor se refere.

Conforme muito bem observado pela autora do blog interpretaçãopessoal, o beija-flor é um animal poligâmico, que tem como 90% da sua alimentação o néctar das flores. Ele suga o mel de todas as flores que encontra, sem distinção ou preferência. Vale lembrar, ainda, que não é um animal domesticável. Então a seguir, o compositor mostra que a pessoa amada até tenta disfarçar suas terceiras intenções com muita educação, enquanto flerta com outros.

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções?
Desperdiçando o meu mel
Devagarinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

O compositor, em sua próxima estrofe, diz que protege o verdadeiro nome da pessoa, por amor, nos fazendo acreditar que o erro cometido por esta pessoa é grave a ponto de prejudicá-la ou menosprezá-la caso alguém venha a ter conhecimento do verdadeiro nome.

Eu protegi teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor (nunca)
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Tá, então porque ele escolheu como codinome o animal "beija-flor"? Seria essa pessoa infiel (já que mencionamos se tratar de uma espécie poligâmica, ou seja, que não tem somente um parceiro e sim vários)... mas, pensando bem, a infidelidade conjugal não iria manchar tanto assim a imagem de alguém. Talvez seja algo mais grave que isso. Fazendo com que a gente pense que esta pessoa esteja envolvida com a prostituição: "pra qualquer um na rua, beija-flor".

Desta forma, o nome da pessoa é protegido em um codinome, pois, caso alguém soubesse disso (sobre a prostituição), ela sairia prejudicada. Na quarta estrofe, o compositor demonstra que desconhecia a atitude da pessoa, e imaginava tê-la apenas para si, mas não era bem assim:

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Bem, sobre o "segredos de liquidificador" eu achei interessante a análise da blogueira Mary (marymiranda-fatosdefato.blogspot.com) que diz que na época que a Globo realizava uns "corujões" de filmes antigos, havia um filme onde o personagem, ao contar um segredo para a namorada, pediu à moça que ligasse o liquidificador para que o barulho alto atrapalhasse a audição de quem quisesse tentar ouvir o que diziam. Como Cazuza era cinéfilo, a blogueira acredita que ele tenha assistido à esse filme. De fato, contar segredos em lugares silenciosos demais pode ser perigoso.

Mas o que de fato importa nesta estrofe acima, é que o compositor demonstra que acreditava que a pessoa amada pertencia somente à ele, e que ela ouvia somente aos seus segredos e planos. Era a sua confidente. Mas, não era bem assim. Ela era confidente de várias pessoas.

Na última estrofe, eu entendo que o compositor demonstra sentir a tristeza que é viver às custas da prostituição, demonstrando compaixão à pessoa amada.

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

O bom do amor, no caso, talvez seja o fato de fazer amor, mesmo que com um desconhecido, era a parte boa que poderia se tirar de uma vida vazia e promíscua.

Vamos escutar essa obra de arte? Clica aqui!

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Espero que tenham gostado da análise. E você? O que entende desta letra? Comenta aí!
Lembrando que a interpretação cabe à cada um.

Esta análise foi feita através de pesquisas e será deixado abaixo o link das fontes que me ajudaram a entender melhor e/ou confirmar pensamentos que já pairavam nas minhas noites mal dormidas.

Fontes:
marymiranda-fatosdefato.blogspot.com
interpretacaopessoal.blogspot.com


Um comentário:

  1. Interpretação de texto é tudo né?! Eu achei sensacional o seu ponto de vista Pam. Arrasou !!!

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