sexta-feira, 27 de março de 2020

Análise pessoal - Wish you were here (Pink Floyd)

"Queria que você estivesse aqui" é, sem sombra de dúvidas, uma música que MUITAS pessoas conhecem. Você pode não conhecer Pink Floyd mas certamente conhece esta música.

Sempre que eu escutava, antes mesmo de sequer compreender o inglês e, consequentemente, a tradução da música, eu costumava ficar muito reflexiva. Ao ter o primeiro contato com a tradução da letra, pude ver que, de fato, é uma música para se refletir.

Bem, o título nos faz pensar que parece se tratar de uma música romântica, onde quem canta está sentindo saudades de alguém, mas, ao analisar a letra, eu pude perceber que o "você" (you) presente no refrão e título, não é necessariamente uma pessoa, mas sim uma época, um hábito ou costume, o qual o eu lírico está sentindo saudades. A letra é curta, a música se estende mais pela parte instrumental, mas através de poucas palavras, Pink Floyd deixa uma mensagem que todos nós deveríamos tomar nota.

Vamos analisar juntos?

Na primeira estrofe, o cantor está conversando com nós mesmos, que estamos escutando a música:

"Então você acha que consegue distinguir céu de inferno?
Céus azuis da dor?
Você consegue distinguir um campo esverdeado de um trilho de aço gelado?
Um sorriso de uma máscara?
Você acha que consegue distinguir?"
Bem, para mim parece bem claro que ele pergunta se ainda sabemos diferenciar o bom do mal, os heróis dos vilões, se temos a humanidade de perceber como tudo vem mudando, trocamos a natureza pela cidade grande, não olhamos mais para o próximo de forma que possamos enxergar através da máscara que sempre diz estar tudo bem, enfim, uma critica ao que a sociedade vem se tornando, uma crítica ideológica, uma crítica ao capitalismo, enfim, cabem muitas interpretações

Na próxima estrofe, as perguntas retóricas continuam:

"Eles fizeram você trocar os seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes ao invés de árvores?
O ar quente por uma brisa fria?
O bom conforto por mudanças?
Você trocou um papel de figurante na guerra por um papel principal numa cela?"
Determinados a fazer com que a gente reflita sobre nosso papel na sociedade, as perguntas não param. Será que estamos sendo manipulados a aceitar, por exemplo, a poluição a qualquer custo, e seus efeitos como, por exemplo, o aquecimento global, em troca de empregos e sustento? Estamos presos a esse sistema, onde sentimos que somos livres quando na verdade somos prisioneiros?

Estamos, sem perceber, trocando nossos heróis, ou seja, pessoas REAIS, que estão no nosso dia a dia, fazendo a diferença, por fantasmas, que no meu entendimento, seriam as pessoas que não passam de uma imagem na televisão? Se me permitem a comparação, é como chamar um craque de futebol de herói, ao invés de enxergar o heroísmo dentro dos hospitais nas equipes determinadas a salvar vidas. 

Claro, repito, nós podemos ir a análises mais profundas e ideológicas, e sei que cada um terá a sua própria análise, mas o meu intuito é levar, de fato, o que eu analiso e o que eu sinto, e o público que eu quero atingir não é, necessariamente, os intelectuais.

Finalmente, chegamos ao refrão. Eu acredito que na parte em que diz "como eu queria que você estivesse aqui", o "você" poderia ser MUITAS coisas... os velhos tempos, os velhos costumes, a simplicidade, a humanidade e/ou espiritualidade.
"Como eu queria... como eu queria que você estivesse aqui.
Nós somos apenas duas almas perdidas nadando num aquário ano após ano
Correndo sobre o mesmo velho chão.
O que nós encontramos? Os mesmos velhos medos.
Eu queria que você estivesse aqui."
Dá para notar também, que se faz um aviso, de que todos nós estamos no mesmo barco, andando em círculos (como dentro de um aquário), fazendo sempre as mesmas coisas e lidando com os mesmos medos. Isso aí fica ao seu critério, leitor.

Pra mim, é uma crítica ao sistema em que vivemos: nascemos, crescemos, trabalhamos e morremos. E como muito vem sendo criticado, desde sempre, desde quando uma profissão, uma faculdade, diz sobre alguém? Desde quando nós deixamos com que coisas tão superficiais e materiais definam um ser humano? Bem, fica aí a reflexão.

Deixo abaixo, um pequeno trecho extraído de uma analise postada no site Whiplash, sobre esta mesma música, e que explica brevemente a época em que a música foi escrita:

"... em 1973 Pink Floyd lançaram o álbum "The Dark Side Of The Moon", que lançou a banda de forma meteórica ao topo da paradas, e logo eles se tornaram uma das maiores bandas do mundo, ao mesmo tempo que uma das mais ricas. Desta forma, uma sequencia imensa de shows veio a seguir, o que acabou desgastando muito os integrantes. Aliando isso a toda a fortuna e poder que eles haviam ganhado, logo os integrantes se tornaram arrogantes e mesquinhos, "perdendo todo o seu lado humano", como David Gilmour veio a declarar anos depois. Desta forma, ocorreu uma necessidade da banda de voltar às suas raízes, de buscar esse lado humano que lhes faltara. E assim surgiu o álbum "Wish You Were Here", que trazia na música título um apelo por este lado humano, "querendo que ele estivesse aqui.".
Quer ouvir a música? Clique aqui.

Espero que tenham gostado! Deixe seu comentário!

Pâm 

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Você sabia? Jeremy - Pearl Jam


Você sabia que a música Jeremy, do Pearl Jam, é inspirada no suicídio de um adolescente de 16 anos?

Tudo começou através de uma matéria de jornal sobre um garoto de 15 anos, chamado Jeremy Wade Delle, nascido em 10 de Fevereiro de 1975, de Richardson, Texas, EUA, que cometeu suicídio com uma arma de fogo na frente de sua turma de Inglês, na Richardson High School, no dia 8 de Janeiro de 1991.

A letra da música pertence a Eddie Vedder (vocalista da Pearl Jam), enquanto que a música foi composta por Jeff Ament (baixista da banda) 

Em Janeiro de 1991, o vocalista descobre, através de um jornal, que um rapaz cometeu suicídio em frente da turma de Inglês na escola secundária de Richardson, no Texas, para se vingar dos colegas que o torturavam. 
O nome da música vem diretamente do nome da vítima, Jeremy Delle. Os colegas descreveram-no como um rapaz que era muito tímido, sempre com uma aparência triste. No dia fatal, Jeremy depois de chegar atrasado, foi-lhe dito que pedisse uma autorização, necessária nesta escola para estes casos, no gabinete da direção. Quando chegou à sala tinha consigo um revolver 357 Magnum e anunciou “Senhora, já tenho o que realmente queria”, colocou o revolver na boca em frente aos colegas e puxou o gatilho.

O trecho a seguir, presente na música, é bem marcante:

“Jeremy spoke in class today
Jeremy spoke in class today
Jeremy spoke in class today”

Na tradução: "Jeremy falou na sala hoje."

Ou seja, após tanto tempo em silêncio, ele se manifestou, ao menos uma vez, mas não do jeito que as pessoas esperavam: tirando a própria vida.

Eddie Vedder, em declarações à Rockline Interview, em 1993, explicou ser difícil que coisas como esta aconteçam e tudo fique na mesma: “Você comete suicídio como forma de vingança e tudo o que acaba por conseguir é um mero parágrafo de jornal (…) nada muda. O mundo continua e você se foi." Conta ainda que a música não é só sobre suicídio mas também sobre a falta de atenção de alguns pais para com os problemas dos filhos, logo, a inspiração para escrever as estrofes da música, que nada têm relacionado com a vida real do garoto Jeremy:

At home, drawing pictures of mountain tops
With him on top, lemon yellow Sun
Arms raised in a V
The dead lay in pools of maroon below

Na tradução:

Em casa, desenhando figuras de topos de montanhas
Com ele no topo, e um sol amarelo limão

Braços erguidos em V
Os mortos jaziam logo abaixo em poças marrons

Apenas narrando uma das coisas que as crianças/adolescentes gostam de fazer: desenhar e deixar a imaginação levar. Não importa o quão difícil as coisas estejam, podemos nos desenhar em qualquer cenário, até mesmo no topo de uma montanha em um dia ensolarado, e enterrar nossos medos e frustrações como bem entendermos.

Daddy didn't give attention
To the fact that mommy didn't care
King Jeremy, the wicked
Oh, ruled his world


Na tradução:

Papai não deu atenção
Para o fato de que a mamãe não se importava
Rei Jeremy, o perverso
Oh, governou seu mundo


Adolescentes problemáticos muitas vezes têm pais ausentes, deixando que os filhos criem o próprio universo, o qual eles não conseguem mais entrar depois que notam algo errado. Mais uma observação de Eddie Vedder quando o assunto é relacionamento pais x filhos.

O restante da letra, eu deixo abaixo, e como poderão ver, ele narra diversas situações que ocorrem dentro das escolas, principalmente, com adolescentes que sofrem bullying por serem quietos demais, diferentes demais, até o dia em que eles reagem para tentar impor respeito e tomam atitudes que impressionam colegas, professores e familiares:

Clearly I remember picking on the boy
Seemed a harmless little fuck
Oh, but we unleashed a lion
Gnashed his teeth and bit the recess lady's breast, how could I forget?

And he hit me with a surprise left
My jaw left hurting, oh, dropped wide open
Just like the day
Oh, like the day I heard


Na tradução:

Me lembro claramente perseguindo o garoto
Parecia uma sacanagem inofensiva.
Oh, mas nós libertamos um leão
Que rangeu os dentes e mordeu os seios da menina na hora do intervalo, como eu poderia esquecer?

E depois me acertou com um soco de esquerda de surpresa
Meu maxilar ficou machucado, oh, deslocado e aberto
Assim como no dia
Oh, como o dia em que ouvi...

O cantor se coloca, nessas últimas estrofes, como o valentão que perseguia o garoto, e de tanto importunar o garoto, despertou o leão que havia nele.

E é exatamente assim que as histórias que a gente vê acontecer na vida real, se parecem.

Abaixo, foto do jornal com a notícia. Lembrando que o clipe também é excelente, e trás no início alguns efeitos com notícias sobre bullying seguidos de suicídios e matanças nas escolas da América do Norte.

E aí? Quer escutar a música, ver o clipe? Clica aqui!


Fontes:
https://www.comunidadeculturaearte.com

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Análise pessoal - Codinome Beija-Flor

Eu escolhi começar o blog com uma das mais belas músicas do lindíssimo Agenor Neto, mais conhecido como Cazuza, pois sempre ouço amigos dizendo não entendê-la, principalmente em frases como "orelha fria", "segredos de liquidificador", ou seja... QUE PORRA É ESSA?

E se eu GARANTIR que tem sentido sim e que não é nada cult que te fará ter de estudar psicanálise pra entender? Quer ver só? Vem comigo!!!

Vale lembrar que não passa de uma interpretação pessoal, ok?

O tema central da música é relacionamento. Eu entendo que é um relacionamento que ainda não acabou, ou seja, está no caminho, naquela fase final, onde é difícil desapegar, pois ainda há amor de um dos lados, que no caso, é o lado de quem está cantando:

Pra que mentir
Fingir que perdoou?
Tentar ficar amigos sem rancor...
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou

No primeiro trecho fica evidente que o compositor não quer mais fingir que tudo ficará bem após o término. Talvez por experiências passadas, neste mesmo relacionamento, ele saiba que não funcionará tentar ser amigos, até porque nem sente mais aquela emoção da reconciliação, nem mesmo a música ou "trilha sonora" do casal soa da mesma forma. (Sabe quando pegamos raiva de certa música por causa de alguém? Então... é por aí.)

Bom, na próxima estrofe iremos entender o motivo pelo qual, entre tantos animais, escolheu-se o "beija-flor" para representar a pessoa a quem o cantor se refere.

Conforme muito bem observado pela autora do blog interpretaçãopessoal, o beija-flor é um animal poligâmico, que tem como 90% da sua alimentação o néctar das flores. Ele suga o mel de todas as flores que encontra, sem distinção ou preferência. Vale lembrar, ainda, que não é um animal domesticável. Então a seguir, o compositor mostra que a pessoa amada até tenta disfarçar suas terceiras intenções com muita educação, enquanto flerta com outros.

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções?
Desperdiçando o meu mel
Devagarinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

O compositor, em sua próxima estrofe, diz que protege o verdadeiro nome da pessoa, por amor, nos fazendo acreditar que o erro cometido por esta pessoa é grave a ponto de prejudicá-la ou menosprezá-la caso alguém venha a ter conhecimento do verdadeiro nome.

Eu protegi teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor (nunca)
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Tá, então porque ele escolheu como codinome o animal "beija-flor"? Seria essa pessoa infiel (já que mencionamos se tratar de uma espécie poligâmica, ou seja, que não tem somente um parceiro e sim vários)... mas, pensando bem, a infidelidade conjugal não iria manchar tanto assim a imagem de alguém. Talvez seja algo mais grave que isso. Fazendo com que a gente pense que esta pessoa esteja envolvida com a prostituição: "pra qualquer um na rua, beija-flor".

Desta forma, o nome da pessoa é protegido em um codinome, pois, caso alguém soubesse disso (sobre a prostituição), ela sairia prejudicada. Na quarta estrofe, o compositor demonstra que desconhecia a atitude da pessoa, e imaginava tê-la apenas para si, mas não era bem assim:

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Bem, sobre o "segredos de liquidificador" eu achei interessante a análise da blogueira Mary (marymiranda-fatosdefato.blogspot.com) que diz que na época que a Globo realizava uns "corujões" de filmes antigos, havia um filme onde o personagem, ao contar um segredo para a namorada, pediu à moça que ligasse o liquidificador para que o barulho alto atrapalhasse a audição de quem quisesse tentar ouvir o que diziam. Como Cazuza era cinéfilo, a blogueira acredita que ele tenha assistido à esse filme. De fato, contar segredos em lugares silenciosos demais pode ser perigoso.

Mas o que de fato importa nesta estrofe acima, é que o compositor demonstra que acreditava que a pessoa amada pertencia somente à ele, e que ela ouvia somente aos seus segredos e planos. Era a sua confidente. Mas, não era bem assim. Ela era confidente de várias pessoas.

Na última estrofe, eu entendo que o compositor demonstra sentir a tristeza que é viver às custas da prostituição, demonstrando compaixão à pessoa amada.

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

O bom do amor, no caso, talvez seja o fato de fazer amor, mesmo que com um desconhecido, era a parte boa que poderia se tirar de uma vida vazia e promíscua.

Vamos escutar essa obra de arte? Clica aqui!

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Espero que tenham gostado da análise. E você? O que entende desta letra? Comenta aí!
Lembrando que a interpretação cabe à cada um.

Esta análise foi feita através de pesquisas e será deixado abaixo o link das fontes que me ajudaram a entender melhor e/ou confirmar pensamentos que já pairavam nas minhas noites mal dormidas.

Fontes:
marymiranda-fatosdefato.blogspot.com
interpretacaopessoal.blogspot.com